quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A educação está proibida bebê.

A estrutura de educação como conhecemos hoje é inspirada em modelos prisionais, elaboradas pelas classes dominantes da época de sua criação. Esse modelo educacional originário na Prússia no século 18 tinha como missão desenvolver e doutrinar pessoas para que  pudessem posteriormente servi las sem contestamento. O modelo persiste até hoje, assim como sua sufocante estrutura. A sociedade covarde e injusta em que vivemos, a subalternidade aos patrões, os poucos com muito e a maioria ignorantizada e sem seus direitos respeitados em nada,-  a formação de pessoas dóceis e sem espirito crítico é resultado também dessa educação enquadradora existente.

Deixo aqui uma frase de Jiddo:

" Os ideais não tem lugar na educação por que impedem a compreensão do presente. Podemos dar atenção ao que é, somente quando deixamos de fugir para o futuro."

Continua...

O documentário é excelente, questionador desse modelo, das diretrizes dadas e do proposito originário. A importância de uma educação que sirva para a vida e lhe dê autonomia num futuro próximo é ressaltado, além de indicar a arte como ferramenta ou instrumento de aprendizado o que não interessa pra esse sistema, dominado pelos interesses corporacionais, causador da miséria e de sofrimento à grande parcela da população. A educação está proibida.

https://www.youtube.com/watch?v=-t60Gc00Bt8

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

" Feliz" natal

"Estimado Santa Claus, Papai Noel, Bom Velhinho,
ou como queira chamar-se ou ser chamado.

Confesso que sempre lhe tive simpatia porque, em geral, me agrada a Escandinávia, sua roupa vermelha me dá um sentimento premonitório e porque, por trás dessas barbas sempre acreditei reconhecer um filósofo alemão que, a cada dia, tem mais razão no que afirmou, em vários livros muito citados, mas pouco lidos.

Não tema pelo teor desta carta, não sou o menino chileno que, há muitos anos lhe escreveu: “Velho safado, no ano passado te escrevi contando que, apesar de ir descalço e em jejum à escola, consegui tirar as melhores notas e que o único presente querido era uma bicicleta, sem querer que seja nova. Não teria que ser uma mountain bike, nem para correr o Tour de France. Queria uma bicicleta simples, sem marchas, para ajudar minha mãe na condução das roupas que ela busca, lava, passa e entrega. Isso era tudo, uma humilde bicicleta. Mas chegou o natal e eu ganhei uma estúpida corneta de plástico, brinquedo que guardei e te envio com esta carta, para que enfies no cu. Desejo que pegues AIDS, velho filho da puta”.

Foram seus elfos, os responsáveis por tão monstruoso desrespeito? Pois bem, estimado Santa Claus, seguramente este ano receberá muitos pedidos de bicicletas, pois o único porvir que espera os meninos do mundo é como entregadores, mensageiros e trabalhos sem contrato de trabalho, condenados a distribuir pacotes e quinquilharias até os 67 anos de idade. No entanto, não lhe peço uma bicicleta. Peço, em troca, um esforço pedagógico, que ponha seus elfos, anões, duendes e renas para escrever milhões de cartas explicando o que são e onde estão os mercados.

Como você bem sabe, eles nos têm fodido a vida, rebaixado os salários, arrasado as pensões, retirado benefícios das aposentadorias e condenado as pessoas a trabalhar permanentemente, para tranqüilizar os mercados.

Os mercados têm nomes e rostos de pessoas. São um grupo integrado por menos de um por cento da humanidade, donos de 99% das riquezas. Os mercados são os integrantes dos conselhos de acionistas, como são acionistas, por exemplo, de um laboratório que se nega a renunciar aos royalties de uma série de medicamentos que, se fossem genéricos, salvariam milhões de vidas. Não o fazem porque essas vidas não são rentáveis. Mas a morte sim, é, e muito.

Os mercados são os acionistas das indústrias que engarrafam suco de laranja e que esperaram até que a União Européia anunciasse leis restritivas para os trabalhadores não comunitários, que serão obrigados a trabalhar na Espanha ou outro país da U.E., sob as regras de trabalho e condições salariais de seus países de origem. Logo que isto aconteceu, nas bolsas européias dispararam os preços da próxima colheita de laranja. Para os mercados, para todos e cada um destes acionistas, a justiça social não é rentável, mas a escravidão sim, e muito.

Os mercados são os acionistas de um banco que suspende o salário mínimo de uma mulher que tem o filho inválido. Para todos e cada um dos acionistas, gerentes e diretores dos departamentos, as razões humanitárias não são rentáveis. Mas os despojos, as expulsões da pobreza para a miséria sim, é. E muito. E para os ladrões de esperança, sejam de direita ou de direita – pois não há outra opção para os defensores do sistema responsável pela crise causada pelos mesmos mercados –, despojar da sua casa aquela senhora idosa foi um sinal para tranqüilizar os mercados.

Na Inglaterra, a alta criminosa das tarifas universitárias se fez para tranqüilizar os mercados. O descontentamento social levará a ações inevitáveis pela sobrevivência e os mercados pedirão sangue, mortes, para tranqüilizar seu apetite insaciável.

Que seus duendes e elfos expliquem, detalhadamente, que no meio desta crise econômica gerada pela voracidade especulativa dos mercados – e pela renúncia do Estado a controlar os vai-véns financeiros –, nenhum banco deixou de ganhar, nenhuma sociedade multinacional deixou de lucrar e até os economistas mais ortodoxos das teorias de mercado concordam em que o principal sintoma da crise é que os bancos e as empresas multinacionais lucram menos mas, em nenhum caso deixam de lucrar. Que os elfos e duendes expliquem até ficar claro que foi o mercado quem se opôs a (e conseguiu eliminar, financiando campanhas de legisladores a seu serviço - n do T) qualquer controle estatal às especulações, mas agora impõem que o Estado castigue os cidadãos com a diminuição dos seus rendimentos.

E, por último, permita-me pedir-lhe algo mais: milhares, milhões de bandeiras de combate, barricadas fortes, paralelepípedos maciços, máscaras anti-gases, e que a estrela de Belém se transforme numa série de cometas incandescentes com alvos fixos: as Bolsas, que queimem até os alicerces, pois as chamas dos formosos incêndios nos dariam, ainda que temporariamente, uma inesquecível Noite de Paz.

Muito fraternalmente,"


Luís Sepúlveda

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O mito da caverna

Aí o cara que saiu da caverna voltou lá e avisou os outros, 'aí, rapaziada, aqui fora o mundo é outro, chegaí pra ver". Pensava que haveria entusiasmo, alegria, mas houve estranheza e medo, seguidos de negação e revolta, “que nada, calaboca!”, “sai fora, babaca!”, “não enche o saco!”, “não vem perturbar aqui não”!, “tu não sabe de nada!”, “vai pra Cuba!”. A rejeição foi grande, agressiva, raivosa. Diziam que ele trazia a discórdia, a mentira, davam sinais de violência, reafirmavam suas ilusões como verdades. O cara viu que não dava em nada além de problemas e saiu fora pro mundão, 'então ficaí, cambada de mané, tô vazando', e antes que os otários se dessem conta, o cara já tava lá fora onde eles morriam de medo de ir. Ficou o silêncio, nesse momento a semente foi lançada . Uma vibração no escuro da caverna, as imagens mostrando a “realidade” projetada na parede e um enorme incômodo no ar. De um canto escuro, alguém falou baixo como quem pensa alto, “a gente devia ter matado ele”.

Lá fora o cara andou, olhando a realidade que desconhecia, conheceu cores, sons, cheiros, paisagens, em profundas admirações, sem entender porque havia quem projetava aquelas imagens ilusórias na parede da caverna, mas mergulhado nas novidades que descobria. E descobriu que haviam outras pessoas como ele, outras cavernas como a dele e muitas, muitas pessoas presas às mesmas ilusões impostas por enganadores. Conheceu essa gente saída de outras cavernas que se atraíam, amistosas, livres das induções à rivalidade e à competição. Conquistaram o acesso ao mundo fora das cavernas e agora dividiam a intenção de acordar os outros, mostrar os limites impostos, causar o rompimento desses limites. Mas encontravam a hostilidade dos condicionados e, sem desistir definitivamente, viviam suas vidas, sempre alertas às oportunidades de provocar reflexão, questionar as mentiras cotidianas, mostrar que as imagens nas paredes são projetadas e que a realidade é muito outra, muito melhor e mais rica. E o cara dividiu experiências, conheceu outras maneiras, conversou, aprendeu, plantou, colheu, cooperou, ganhou vivência,  conhecimento, sabedoria.

Nas conversas coletivas, que eram muitas e sobre muitos assuntos - desde as estrelas, os modos de plantio, remédios naturais, até as relações entre as pessoas e a forma de organização da coletividade, sempre mutante - um assunto freqüente era a alienação geral, os prisioneiros das cavernas, acorrentados em ilusões fabricadas. Idéias eram apresentadas, discutidas e postas em prática. Diante da hostilidade comum e dos perigos do contato direto, entrando nas cavernas, um dia alguém sugeriu chegar do lado de fora, bem na porta, e fazer um barulho, demonstrar a liberdade sendo exercida, em vez de tentar conversar, convencer, argumentar, apelar à razão, à inteligência racional. Esta já estava tomada pela prática rotineira, pelo medo induzido e todos os recursos de mídia pra paralizar o pensamento e conduzir às ilusões. Era preciso atingir a alma, conversar com a intuição, o sentimento, o sentir é mais que o saber, mais profundo, mais forte que a razão. E a idéia brotou: “bora fazer uma charanga?” 

Na porta das cavernas eles botam a boca no trombone. Cantores, palhaços, malabaristas, desenhistas, músicos, pintores, dançarinos, atores foram surgindo de todos os lados. Os que faziam as sombras, projetando da forma que convinha à hipnose, ao entorpecimento, à formação da opinião pública não gostaram nada disso. E começaram a atacar os denunciadores, os reveladores das mentiras cotidianas, de todas as maneiras, difamando, atacando, perseguindo,  sabotando. Mas quase sempre saía alguém da caverna, ofuscado, maravilhado, e era acolhido no grupo, com cuidado, carinho e alegria. Às vezes, mais de um. De vez em quando, grupos vinham pra fora e era uma festa.

A história não acabou.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Vem aí a geração de super consumidores

A publicidade como nos é apresentada é uma atividade criminosa, alienante e mentirosa, disseminada por diversos meios, preferencialmente os de longo alcance (TV, rádio), preocupadas em  formar a opinião pública desde seu surgimento mal-intencionado. Para isso se utiliza da psicologia do inconsciente para alavancar desenfreadamente o consumo e criar a ânsia do consumo para os menos abonados. Uma canalhice tremenda.

 O alvo preferencial são as crianças,  induzidas desde que nascem (através das mensagens publicitárias tendenciosas) a se convertem quando adultos em consumidores implacáveis, não por um só momento, e sim para toda a vida.(ver, criança a alma do negócio, (, http://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc ) Uma ideologia cruel, perigosa e perversa utilizada pelas grandes corporações, que promovem além de tudo produtos danosos para os seres humanos, desde bebidas, comidas e brinquedos.
Vídeo é fundamental para proteger as crianças  do marketing corporativo. Abaixo o link...

http://vimeo.com/41218785

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Cacicados Complexos

Odeio essa sociedade que me cerca, como a vejo e a medida que a percebo. Com todas as suas desigualdades e injustiças. Odeio essa mídia, aliada das "elites", que rouba  a consciência da maioria da população, a mais essencial pro funcionamento da sociedade, porém a mais sacaneada.  Procuro não julgar as pessoas, as percebo como atores sociais, cada uma com suas funções atribuídas, alguns conscientes de suas funções, a grande maioria não.

Ninguém é perfeito, muito pelo contrário, estamos engatinhando ainda como seres humanos. Tenho muitas fraquezas e imperfeições, a medida que as percebo, tento corrigí-las, no dia a dia. É um trabalho interminável. Sempre gostei do contato com as pessoas, principalmente as mais pobres, ali geralmente tem muita sabedoria. Nunca fui aluno exemplar, nota pra mim era o que menos interessava, passava "raspando". Porém buscava observar as reações de professores, coordenadores, mas sem ter muita convicção de nada. Mal saberia que isso se estenderia pra fora, pra uma análise mais profunda e social.. Hoje, digo hoje, sinto muita raiva de pensamentos e opiniões superficiais sobre a sociedade que percebo e m minha volta e as injustiças com a maioria sabotada desde cedo.

Até 89 o PT era esperança para milhares de brasileiros de uma real mudança no cenário político. Lembro de ser levado a um comício do Lula na praça da polícia no mesmo ano e sentir algo diferente nas pessoas, a fé de milhares de brasileiros estava depositadas naquelas eleições. Percebia a expectativa principalmente da minha mãe por tais mudanças. Mas quem entrou foi o Collor, a mídia sabotou a campanha do lula por inteiro. Era inevitável a derrota. A mesma mídia que mostrou como aniversário de São Paulo milhares de pessoas na ruas exigindo as "diretas já". Uma vergonha essa mídia dominante. Eis que veio, itamar, fhc (duas vezes) e depois foi a vez do pt,  que seguiu o que já estava sendo feito nas gestões anteriores. Nada mudaria. A decepção estampada na cara da minha mãe. Acho que no fundo ela acreditou ver seus filhos crescendo em um país menos desigual e injusto.